Ter um currículo profissional para assumir cargos que dão grande poder sobre subordinados nem sempre significa saber lidar com a equipe e motivá-la. Não é incomum ouvir casos de chefes que desestimulam os funcionários e enfraquecem seu desempenho por não saberem dar uma (aparentemente simples) bronca.
O conhecido "feedback" deveria ser uma prática adotada de modo contínuo, e não somente em momentos de avaliação de desempenho, como acontece normalmente em muitas empresas, de acordo com o psicólogo Maurício Victorelo Bertolini, supervisor da capacitação interna e das Oficinas de Orientação para o Trabalho do Centro de Solidariedade ao Trabalhador.
Sendo assim, críticas construtivas, tanto em relação aos pontos fortes e
fracos, feitas cotidianamente, são meios de acelerar o processo de
desenvolvimento profissional e pessoal. A questão é que nem sempre as
críticas trazem resultados positivos. "Em um ambiente cada vez mais
competitivo, muitas vezes o 'feedback' é feito de forma inadequada",
afirma o superintendente de Recurso Humanos da Boa Vista Serviços Marcos
Vono.
Veja os erros que os chefes devem evitar
1. Não tente aplicar a mesma fórmula a todos os funcionários. É
muito importante identificar qual é a realidade do ambiente em que atua
e ser flexível para adaptar o seu estilo de liderança às exigências de
um determinado local. Um bom líder é aquele que tem uma conduta com o
grupo e que também sabe como estimular cada membro individualmente.
"Há pessoas que exigem uma conduta mais diretiva; outros precisam de
apoio para executar uma determinada tarefa, enquanto há aqueles a quem
você pode delegar e confiar. Há, também, quem sabe trabalhar sob
pressão, mas há os que jamais devem ser pressionados. Portanto, o modo
adequado de abordar cada indivíduo é específico", afirma Renata Di Nizo,
fundadora da Casa da Comunicação, que dá consultoria para equipes de
trabalho e líderes. Por isso, conhecer os liderados, ajuda a saber como
inspirar seu melhor desempenho.
2. Não construa uma imagem amedrontadora. Criar um
espaço para o diálogo é a grande chave do bom relacionamento entre chefe
e funcionários. Assim, é possível corrigir problemas e determinar, com
objetividade, o que, como, onde e quando executar uma tarefa. "Cabe ao
líder cumprir seu papel de garantir o melhor desempenho. Portanto, em
vez de bronca, a conversa tem por objetivo falar da entrega, da
qualidade ou da falta de qualidade da tarefa", explica Renata, que é
autora do livro "Reinventando a Liderança, por Uma Ética de Valores"
(Editora Summus).
3. Não fale com os funcionários apenas para apontar erros. Lembre-se
de comemorar vitórias com as pessoas que trabalham com você, para que
todos sintam que seus acertos também são valorizados. Crie um senso de
responsabilidade mútuo em toda equipe pelos erros e acertos.
7. Evite dar broncas sem apresentar razões claras. Cobre
um melhor desempenho baseando-se em evidências. Explique claramente o
motivo da conversa que vocês estão tendo. Esteja certo de que a mensagem
que quis passar ao funcionário foi compreendida. Lembre-se de que o
profissional ocupa um cargo compatível com suas experiências e de que
ele tem os recursos necessários para executar sua função. Tire o melhor
dele e ouça as razões que o levaram a agir deste ou daquele modo. Muitas
vezes, uma pessoa domina melhor as tarefas cotidianas do que o chefe,
que tem outras funções na empresa.
4. Não espere que todas as tarefas sejam executadas da mesma maneira. É
também desafio do líder saber lidar com o grau de maturidade do
funcionário em relação a uma tarefa específica. "Um profissional pode
ser um excelente vendedor, mas pode ter dificuldades para preencher
formulários", exemplifica Renata. Portanto, para esta tarefa específica,
o líder deve acompanhar, apoiar ou indicar uma formação complementar.
5. Cuidado com as broncas seguidas de elogios. A
"técnica do sanduíche", que é a de começar falando das qualidades,
rechear com críticas e fechar a conversa com elogio, pode não dar certo.
Segundo Vono, depois de algum tempo, o funcionário já sabe que o elogio
é sempre algo que antecede uma bronca. "Isso gera descrédito", diz
Vono. Portanto, não faça rodeios e, principalmente, ouça seu
funcionário, caso ele queira dar uma justificativa.
6. Jamais desrespeite seu funcionário. "Humilhação no
ambiente de trabalho é um fenômeno maior do que se imagina e que cresce a
cada dia", afirma Vono. "Nenhum líder deveria ter a permissão para
falar com um liderado de forma desrespeitosa, mas isso acontece sob
nomes que disfarçam o assédio moral. Chamam isso de 'liderança
diretiva', entre outras coisas", explica ele. Se precisar dar uma
bronca, faça isso reservadamente e de modo respeitoso.
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