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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Jorge Costa fala sobre avanços e polêmicas de Itapecerica



Por Nely Rossany, da Gazeta SP
Prefeito de Itapecerica da Serra por três vezes, Jorge Costa (PMDB) fala abertamente sobre seus últimos anos de governo, avanços e problemas da região, aborda polêmicas como o escândalo de esquema de ‘Bota-Foras’ ilegais na cidade, que envolveu funcionários e vereadores e fala sobre contas reprovadas e processo de cassação que ainda responde.

Gazeta SP – Quais foram os principais avanços da cidade nos últimos oito anos?Jorge Costa - Em 2005, quando assumimos a situação financeira da cidade era muito difícil, a arrecadação municipal era de R$ 94 milhões por ano e uma dívida de R$ 48 milhões. Os trinta primeiros meses da minha administração foram bastante difíceis e não tínhamos como sanar a dívida naquele momento.  Aí pensei: como vou trazer empresas para Itapecerica da Serra, como que eu vou trazer recursos para a cidade? Então eu tive bastante sorte, junto com a FIESP que me deu uma abertura legal com as empresas e ofertei terrenos às margens da BR para atrair investimentos. Deu certo, e este ano devemos chegar a cerca de R$ 400 milhões de arrecadação.  Isso sem aumentar impostos, que ninguém aguenta mais pagar. Outro lado que eu acho muito importante é manter as contas em dia, nossa folha de pagamento é de 41% da arrecadação, o que não é fácil, outros municípios ficam em torno de 50%, isso quando não ultrapassam.  A Prefeitura nossa está bem enxuta em números de funcionários. E também os investimentos em patrimônio, até cinco dias atrás nos já tínhamos comprado 84 imóveis, com isso eu consegui eliminar cerca de R$ 500 mil de despesas com o aluguel, telefone... Hoje eu pago só R$ 20 mil com imóveis que ainda não compensa fazer investimento.

GSP- Itapecerica está em área de manancial e ainda falta saneamento básico, o que a Prefeitura fez?JC- Antes, a cidade não tinha 1% do esgoto tratado, aqui é a [cidade da região] que mais poluía, caia direto no Rio M’Boi Mirim. Hoje não, com o convênio com o Governo Federal e a Sabesp, conseguimos fazer um investimento em torno de R$ 250 milhões, e já estamos com 60% do esgoto colhido e tratado e até outubro de 2013 teremos 100% [do esgoto] da área urbana, colhido e tratado. Mas ainda não há o prazo para 100% da cidade.

GSP- Fora o esgoto, a cidade tem tido outros problemas com o meio ambiente, como o descarte irregular de entulho, os ‘bota-foras’ e inclusive foi alvo de um escândalo na cidade... JC – Sempre tivemos esse problema aqui. As pessoas começam a fazer obras nas cidades vizinhas e começam a jogar o lixo aqui dentro. Há alguns anos atrás tivemos um empreiteira que limpava os piscinões do Estado e vinha jogar o lixo aqui. Aí eu montei a guarda Municipal Ambiental que inibiu e muito, juntamente com o Ministério Público local que é bastante atuante tem ajudado bastante e com isso começamos a tomar outros rumos. Mas não é fácil. Sobre o escândalo, exonerei todos [os funcionários envolvidos]. Ao todo foram seis funcionários que para mim eram inocentes, mas aí quando a polícia terminar as investigações vai concluir, mas pelo o que vimos até hoje, eles foram gaiatos na história, mas se teve um pouco de fumaça é porque teve fogo, então por via das dúvidas, exonerei todo mundo.

GSP - E o envolvimento dos vereadores, foi comprovado?JC - Sobre os vereadores, eu não posso te responder porque acompanhei dos meus funcionários. Da Câmara é outro processo, segue de outra maneira, mas não vejo nada de concreto. Antes aqui era terra de ninguém e havia muitos vícios que foram permanecendo ao longo dos anos...Mas as atitudes que eu tinha que tomar tomei. Estamos aguardando as conclusões do Ministério Público. Mas só de dar o susto e o fazer barulho, eles [quem depositava lixo irregularmente] viram que está todo mundo atento. Isso fez com que os ‘botas-foras’, diminuíssem muito, mas ainda não terminou.

GSP – E quais foram os investimentos nas áreas de Saúde e Educação?JC - A educação é uma área que tenho bastante orgulho. Quando entrei aqui em 2005, eu fiz uma enquete com os alunos da 4ª série e vi que os alunos não sabiam ler e escrever e nem fazer contas simples.  Hoje temos 18.800 alunos [nas escolas municipais], contratei o Colégio Objetivo para oferecer desde 2006 apostilas para os nossos alunos. E já estamos no quinto ano e renovamos por mais cinco com o Objetivo, além disso, o aluno é reprovado se não tiver média 7 , as faltas são controladas, estamos dando uniforme e merenda de qualidade. E outra coisa foram as faculdades que não havia nenhuma na cidade e hoje são seis, inclusive a Ufscar que é um braço da Universidade Federal de São Carlos. Para você ter noção em 2005, tínhamos ônibus alugados para levar os alunos para Faculdades em São Paulo, hoje não tenho nenhum, não precisamos mais. È um grande bem para região.
GSP – E a Saúde?JC – A saúde é um problema não só de Itapecerica, mas mundial. Vou sair deste mandato um pouco complexado porque não consegui fazer o Pronto Socorro Infantil, que teria que ter. Foi uma promessa minha de campanha que infelizmente não vou conseguir cumprir. Porque o custo é muito elevado e para fazer um ‘me engana que eu gosto’ eu não faria. Eu poderia muito bem, dividir as portas do pronto socorro municipal, mas não. Acho que o Pronto Socorro Infantil tinha que ser construído em outro local, com médicos e equipamentos próprios e tudo mais. Então optei por fazer o Centro de Especialidades Médicas, hoje são 36 especialidades funcionando com hora marcada. Isso foi um grande avanço para a cidade.

GSP – Assim como as outras cidades da região, a demanda de atendimento é grande?JC - A Saúde é assim, quando você tem o serviço funcionando bem, a população de outras cidades invadem. Aqui vem pessoas de Cotia, Vargem Grande, Embu, Taboão e principalmente São Paulo, na divisa com o Jardim Ângela. Aliás, tivemos alguns problemas com a inauguração do Pronto Socorro no Jd. Ângela, porque inauguramos e tínhamos um mês para botar para funcionar que era o tempo que a empresa que ganhou a licitação iria instalar os equipamentos, mas aí a empresa teve problemas porque não conseguiu executar o serviço e atrasou seis meses. Errei. Agora está funcionando e deu um ‘boom’ na região. Temos 12 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e dois Prontos- Socorros, que atendem em torno de 100 mil pessoas por mês. Para você vê que se temos 160 mil habitantes e 100 mil atendimentos, o tanto que vem de fora. Mas temos tidos muitos avanços, vamos entregar agora três novas unidades básicas.

GSP – Como está o processo que o senhor responde por ter tido as contas reprovadas ? JC - Isso foi no meu último mandato como prefeito em 1992, quando a cidade de São Lourenço ainda pertencia ao território de Itapecerica. Eu estava construindo algumas escolas naquele momento e era prefeito até 31 de dezembro e quando foi em janeiro para fevereiro, não sei precisar a data, a Assembleia [Legislativa] aprovou a emancipação de São Lourenço. Eu estava construindo uma UBS, a Subprefeitura (que hoje é a Prefeitura) e três escolas. Duas escolas e a UBS eu consegui entregar antes da emancipação política-administrativa de São Lourenço e uma entreguei em outubro. Eu respondo o processo até hoje por ter usado o dinheiro da escola em ‘outro’ município. Aí a prestação de contas não foi aprovada. Eu fui reeleito sem esse problema, e isso só surgiu no meio da reeleição.  Ganhei em todas as instancias e agora foi para o STF (Supremo Tribunal Federal).

GSP – Como presidente do Conisud, quais são as principais lutas pela região, o senhor pensa em trazer o Poupatempo?JC - Não vou te dizer o Poupatempo, mas tirando isso que é algo que podemos correr atrás, todos os prefeitos que passaram pelo Conisud (Consórcio Intermunicipal da Região Sudoeste da Grande São Paulo), tentaram algumas coisas. No meu primeiro mandato como presidente a minha luta foi para ter o nosso aterro regional, foi uma coisa que eu briguei muito na época. Hoje já não tenho mais esse interesse, porque pago para levar esse lixo embora para Caieiras, o valor alto é melhor do que eu ficar com o ônus ambiental. Lixo hoje é o grande problema não só da região. Eu terceirizei a coleta de lixo na cidade e o gasto é de R$ 1 milhão e 200 mil incluindo tudo desde a coleta até a destinação em Caieiras.

GSP – E a Coleta Seletiva está funcionando na cidade?JC - Temos sim, ainda não 100% porque ainda é muito caro, temos seis pontos, o ideal é chegar em 12. Temos os barracões, a Cooperativa [de Catadores] tem assessoria e equipamentos, a prefeitura monta a parte funcional e eles administram.  Não tem mais ninguém pegando lixo nos aterros. Eles trabalham com equipamentos de segurança, luvas e tem atendimento médico de emergência em um ambulatório.

GSP – E quais são os objetivos do Conisud agora?JC - O Chico [Brito- prefeito de Embu das Artes] teve que renunciar um ano antes da presidência do Conisud porque vai ser candidato, então vamos continuar o que ele tinha começado. E estão entrando mais dois municípios Cotia e Vargem Grande, só falta eles aprovarem na Câmara, aí vamos falar em nome de mais de 1 milhão de habitantes. Nossa luta é por um laboratório para atender toda a região, o Governo do Estado já era para ter feito isso esse ano. No meu caso, o Estado paga 30 mil exames por mês e eu preciso de 38 mil, então a Prefeitura acaba pagando 8 mil. Hoje na região, a lista de espera por um exame está em torno de 90 dias. Então teríamos que ter o nosso laboratório regional. Se o que a União passa para o Estado, repassasse para os municípios, nós faríamos o dobro com esse dinheiro, resolveria o nosso problema definitivo e o prazo [para marcar exames] reduziria para 15 dias no máximo. Uma conquista que já tivemos foi o Samu Regional que o Chico conseguiu, a sede fica em Embu e os avançados em Itapecerica da Serra.

GSP – O Ginásio de Esportes está sem cobertura desde 2010, por quê?JC – Porque temos outras prioridades e para refazer o telhado como era antes iria custar cerca de R$ 3 milhões, porque foi uma empresa alemã que fez na época. Agora abrimos uma licitação que as empresas tem que apresentar técnica e preço. Se tudo der certo, ainda esse ano, começam as obras.

GSP -  Quais serão os desafios do próximo prefeito? JC - As dificuldades que eu vejo para o próximo prefeito vai ter, porque a cidade cresceu muito é o problema do trânsito, que é da região inteira. E por outro lado, a falta de infraestrutura, aqui em Itapecerica Porque aqui é um caso difícil, porque estamos em cima de uma pedra lisa, que é o significado do nome da cidade. E também o próximo prefeito vai ter que continuar reformando as UBS e ampliar ainda mais os serviços da Saúde, fazer um planejamento. E de acordo com os anos, vão surgir outros desafios. 

GSP – Esse é seu último ano como prefeito, o senhor vai continuar na política?JC - Eu vou encerrar minha carreira política. Já fui três vezes prefeito, uma vez vice e minha parte já foi feita, agora a cidade precisa de sangue novo para renovar. Recebi alguns convites para cargos, mas ainda vou estudar.

Fonte: Gazeta  SP

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