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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A má administração - e os maus clientes - levados ao extremo




Como alguém que escreve sobre empreendedorismo e criatividade, meus textos costumam ter um tom positivo e otimista. Ao ver as notícias e comentários sobre o acontecido na agora famosa boate de Santa Maria/RS, as acusações de falhas de projeto e alvará, lágrimas de pessoas públicas e clamores de legislações e fiscalizações, algo me incomoda nisso tudo.
Quem nunca entrou em um festival, show, acontecimento noturno, e se perguntou o que aconteceria em caso de emergência? Quem nunca se indignou com um segurança truculento cuja única qualificação é ter duas vezes o tamanho de uma pessoa comum? Quem nunca se espantou com o tamanho da fila para pagar e sair de um estabelecimento noturno, com longas esperas causadas pelo que é um erro do administrador do estabelecimento no momento de cobrar pelos seus serviços?
Infelizmente, em meio a tantos protestos e lágrimas, aposto que no dia seguinte abriram pelo país milhares de estabelecimentos que não mereciam ou não deveriam estar operando. Mais que isso, milhares de pessoas sentiram-se incomodadas, mas nem por isso deixaram de entrar sem reclamar, pagar suas contas e ir embora.
O que aconteceu foi uma tragédia. Sem diminuir a dor dos atingidos, como alguém que escreve e fala sobre Administração, cabe dizer que infelizmente foi uma tragédia totalmente evitável. Isso porque a culpa não é somente dos políticos, das leis, de alvará vencido ou de uma pirotecnia errada. Apesar das promessas, poucos problemas são resolvidos de uma hora para outra por ordens centralizadas. Como qualquer brasileiro sabe, leis “pegam” e “não pegam”, fazem-se cumprir ou não de acordo com o humor da época.
Imagine um mundo em que, ao entrar em um estabelecimento lotado com uma única porta, a maioria dos clientes dê as costas e vá embora. Um mundo em que um integrante de uma banda não pode simplesmente fazer uma “pirotecnia” sem passar por uma opinião profissional, onde, ao serem mal tratados por um segurança, clientes façam reclamações e proprietários e administradores vejam-se obrigados a oferecer treinamento além do “empurra empurra” usual que vemos esse pessoal utilizar Brasil afora.
Meu ponto nesse texto é que infelizmente a maioria dos brasileiros ainda não aprendeu o poder de votar com o bolso. Continuamos consumindo serviços e produtos de padrões duvidosos. Continuamos com o mesmo banco, operadora de celular, casas noturnas.
Ao contrário de algumas coisas que li, não acho que deva-se “aprender” com uma tragédia dessas. Nada justifica uma morte, e tentar aprender algo com ela não diminui a dor dos atingidos.
O que podemos fazer, como sociedade, é sim aprender a cobrar mais. Cobrar respeito pela nossa presença, voto, dinheiro e participação. Cobrar ser bem tratado. Não tolerar administrações e estruturas ruins apenas por ser isso que se apresenta em nossa frente.
Aprender a não reclamar de uma tragédia após ela acontecer, mas se perguntar, afinal, como estabelecimentos, legisladores e administradores ruins sobrevivem por anos a fio, com clientes e eleitores que se dispõem a mantê-los ali. 

Fonte: administradores.com.br

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