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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Parto, a Filmagem e a Vingança




Ela com 19 e eu com 20 anos de idade.

Lua-de-mel,viagens, prestações da casa própria e o primeiro bebê, tudo
uma beleza.

Anos oitenta a moda na época era ter uma filmadora do Paraguai.

Sempre tinha ou tem um vizinho ou mesmo amigo contrabandista disposto a
trazer aquela muambinha por um precinho muito bom!

Hora do parto ela tinha muita vergonha, mas eu teimoso, desejava muito
eternizar aquele momento.

Invadi a sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o
parto do meu primeiro filho.

Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a

assistir ao filme.

Perdi a conta de quantas cópias eu fiz do parto e distribuí entre
amigos, parentes e parentes dos amigos.

Meu filho e minha esposa eram os meus orgulho e tesouro.

Três anos se passaram ai nova gravidez, novo parto, nova

filmagem, nova crise de choro, tudo como antes.

Como ela "categoricamente" me disse que não queria que eu a filmasse
dessa vez, sem ela esperar invadi a sala de parto e mais uma vez com a
câmera ao ombro cumpri o mesmo ritual.

As pessoas que me conhecem sabem que em mim havia naquele momento apenas
o amor de pai e marido apaixonado nesse ato.

O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de
meu orgulho.

Nada que se comparasse ao fato de ela, essa semana num instinto de
vingança, invadisse a sala do meu urologista, com a câmera ao ombro,
filmando o meu exame de próstata.

Eu lá, com as pernas naquelas malditas perneiras, o cara com um dedo
(ele jura que era só um!) quase na minha garganta e minha mulher
gritando:

- Ah! Doutoooor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita!
Semana que vem estou enviando uma para o senhor!

Meus olhos saindo da órbita fuzilaram aquela cachorra, mas a dor era
tanta que não conseguia nem falar.

O miserável do médico, pra se exibir, girou o dedão!!! Ah eu na hora vi
o teto a dois centímetros do meu nariz.

E a minha mulher continuou a gritar, como se fosse um diretor de cinema:

Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar dessa vez. Vou dar um
close agora...

Na hora alcancei um sapato no chão e joguei na maldita.

Agora amigos, estou escrevendo este e-mail, pedindo aos amigos,

parentes e outro mais que receberem uma cópia do filme, que o enviem de
volta para mim.

Eu pago o reembolso.

(Luiz Fernando Veríssimo)

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