O Brasil vive um momento
surpreendente: quatro em cada dez adultos sonham em ter seu próprio negócio.
Este dado foi constatado pelo Estudo do Global Entrepreneurship Monitor (GEM)
2012, que aponta a existência de 36 milhões de empreendedores no país.
Mesmo considerando que
apenas pouco mais de 8 milhões formalizaram seus negócios, as pequenas empresas
são a grande base de sustentação da nação. Constituem 99% dos empreendimentos e
respondem por 52% dos empregos e 25% do PIB. Entretanto, são pouco inovadoras
em toda a América Latina, inclusive no Brasil.
Estudo realizado há mais de
dez anos pela Booz & Company mostra três estratégias básicas de inovação
que podem ser adotadas pelas empresas.
Uma delas é a Need seekers,
caracterizada pela busca permanente da antecipação das necessidades dos
clientes. Apple, 3M e Facebook são bons exemplos de adoção dessa estratégia.
Market readers, por sua vez,
são as empresas que buscam aperfeiçoar e trazer melhorias aos produtos e
serviços existentes, aproveitando as tendências de mercado. No Brasil, a
companhia aérea Azul representa bem essa categoria, e é considerada uma das
empresas mais inovadoras do mundo. A empresa introduziu um novo modelo de
serviços de bordo, que inclui até mesmo dezenas de canais de tevê ao vivo
durante os voos.
Por fim, Technology drivers,
é o perfil típico das empresas que usam de forma intensa a tecnologia para
melhorar e transformar seus produtos ou serviços, casos de Google e Amazon.
O comércio eletrônico pode
(e deve) ser utilizado como base de inovação para as pequenas empresas, não
somente pelas gigantescas oportunidades que existem em torno desse mercado,
inclusive pelas três principais estratégias de inovação.
Um balanço do primeiro
semestre de 2013, elaborado pelo e-Bit, aponta o faturamento de quase R$ 13
bilhões, representando um crescimento nominal de 24% em relação ao mesmo
período de 2012. A expectativa é fechar o ano com R$ 28 bilhões de faturamento.
Entretanto, o principal
ponto a se compreender sobre o e-commerce é que o modelo de negócios, as
estratégias e a gestão são pontos mais relevantes que a própria tecnologia
utilizada para realizar as vendas no mundo digital. Vejamos:
Modelo de vendas por assinatura.
Muitos ainda pensam que essa estratégia só é utilizada para venda de conteúdos
ou serviços, como o Netflix, que fornece tevê pela Internet a 33 milhões de
usuários. Entretanto, o varejo on-line já comercializa uma série de produtos
nessa modalidade: alimentos orgânicos, produtos regionais, vinhos e até mesmo
cuecas e meias.
Mas quem nunca ficou em
dúvida sobre qual produto comprar, dentre as dezenas ofertadas on-line? Muitas
vezes são tantas as opções que desistimos da compra. Já pensou se uma modelo
famosa te ajudasse na compra do sapato ideal para determinada ocasião? Para
adotar essa estratégia, tecnicamente conceituada como Curadoria, em sua loja
virtual não é preciso contratar necessariamente uma celebridade. O importante é
que o curador tenha autoridade e identificação com o público.
Já Crowdsourcing é o modelo
segundo o qual os produtos são elaborados com ajuda da inteligência coletiva do
público. Um bom exemplo dessa prática é uma empresa especializada em venda de
camisetas, que através de concursos com prêmios em dinheiro, utiliza seus
próprios clientes para a criação de suas estampas.
Como estratégia de inovação,
algumas lojas on-line estão atuando em mercados de nicho, como a venda de
roupas e sapatos em tamanhos maiores que o usual, produtos regionais ou
voltados para determinados grupos culturais ou sociais.
A oferta de produtos
exclusivos também vem dando resultados. Assim, os clientes saberão que somente
a sua loja é fornecedora daqueles produtos.
A venda de itens
personalizados pelos próprios clientes é outra forma de aplicação inovadora do
comércio eletrônico. Detalhes nas roupas, acessórios e estampas enviados pelo
próprio consumidor tornam sua peça única.
Enfim, inovar é inventar
algo que possa ser utilizado pelos seus clientes de forma que eles percebam o
quanto sua empresa é diferente das demais. O comércio eletrônico, graças à sua
flexibilidade e interação com o consumidor, pode ser o principal agente de
desenvolvimento da inovação para as pequenas empresas. Mas, o mais importante é
que o empreendedor tenha em si a cultura da excelência e da diferenciação. Do
contrário, ele será apenas mais uma “lojinha na Internet”.
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