Ao contrário do que se
acredita, esse não é um mal contemporâneo do século XXI. A insensibilidade
social sempre existiu, desde os primórdios da humanidade, quando diversos povos
sacrificavam crianças deficientes, alguns por acreditarem que eram possuídas por
demônios outros simplesmente por elas serem diferentes.
Esta barbárie perdurou
até o inicio do cristianismo, onde passou a se acreditar que todos os seres são
obras de Deus. Então estas pessoas passaram a ser abandonada à própria sorte,
vivendo à margem da sociedade.
Do início do século XX até a
década de 60 era comum os familiares esconderem seus parentes com deficiências
físicas e mentais: eles eram os excluídos sociais. Isso foi um salto para o que
ocorre atualmente e passou a se chamar, então, de insensibilidade social.
A insensibilidade social tem
raízes no preconceito.
Quem sofre, perde a
autoestima e a identidade, já que o ser humano é um animal social. Ou seja,
relacionamento é tudo e tudo é relacionamento e diante de uma situação de
insensibilidade social a pessoa sente como se vivesse em um mundo paralelo.
Alguns sociólogos chamam da
síndrome do uniforme: basta a pessoas vestir um uniforme de gari, segurança,
garçom, manobrista ou ascensorista, por exemplo, para se tornar
invisível.
Alguns fatores favorecem o surgimento
desse fenômeno, como a diversidade cultural, social e financeira que o
capitalismo proporciona, onde uma pessoa por mérito próprio pode mudar seu
destino. Isto é, mudar de classe social e alcançar estabilidade financeira.
Nunca na historia da humanidade o homem teve tanto poder de escolha sobre o seu
próprio destino.
Com isso, alguns valores
foram corrompidos onde o Ter é mais importante que o ser, as pessoas investem
em cirurgias plásticas, roupas de marca, carros, produtos estéticos e deixam sua
educação em 2º ou 3º plano. Falando nisso, quantos livros você leu este ano?
A diversidade na educação
traz a exclusão social que, por sua vez, faz as pessoas menos capacitadas se
sujeitarem a postos de trabalho marginais.
Na época de nossos avós,
existia a possibilidade de uma pessoa com uma enxada nas costas se tornar um
pecuarista ou um oficce-boy se tornar presidente de um banco. Atualmente, se
não tiver estudo, não se vai a lugar comum.
Essa lacuna educacional
somada ao preconceito e ao ter acima do ser gera essa insensibilidade social.
Mas não se engane, a
insensibilidade social está ao nosso redor, basta assistir nos telejornais como
as pessoas são tratadas diariamente na rede de saúde ou quando alguma
intempérie como a seca ou a chuva atinge a sua região.
Ver uma única criança
vivendo nas ruas já deveria ser suficiente pra fazer qualquer um chorar, pra
fazer qualquer se mobilizar para tomar uma atitude.
Mas como vemos isso todo o
dia acabamos nos acostumando e banalizando o sofrimento alheio.
Já nas empresas isso ocorre
de uma forma velada e mais sutil, mas o princípio é o mesmo: ignorar as
necessidades das pessoas e clientes.
Outro dia ao terminar de
fazer compras em uma grande rede de supermercado, a caixa não conseguia passar
meu cartão e chamou insistentemente sua supervisora. Enquanto eu aguardava ao
lado, a outra caixa sugeriu que ela me encaminhasse ao atendimento para assim
passar o cartão e agilizar meu atendimento, mas a caixa fingiu que não ouviu e
insistiu em ficar chamando a supervisora.
A supervisora, como sempre
muito ocupada e com cara de poucos amigos demorou entre 5 e 10 minutos. Seu
olhar era de que eu a estava atrapalhando sua rotina, mais que me surpreendeu
foi que nenhuma delas falou comigo ou explicou algo, começaram a mexer nos equipamentos
como se eu não existisse.
Quantas vezes isso não
ocorre em sua empresa, por maus hábitos ou simplesmente por pura displicência
do colaborador um cliente acaba sendo mal atendido.
Já fui atendido por
colaboradores mascando bala, falando com mais de uma pessoa, com mau cheiro,
prepotentes, tímidos, novatos, sem suporte.
As organizações gastam uma
pequena fortuna em pesquisas e programas para descobrir o perfil e necessidades
dos clientes, mas se esquecem do básico: educação.
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