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sexta-feira, 23 de março de 2012

Criança morre em Embu (SP) após ir três vezes a PS e ter apendicite negligenciada; MP investiga



Horas depois do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, inaugurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde) em Embu das Artes (Grande São Paulo), no último 10 de março, a desempregada Daiana de Lima Rodrigues, 33, moradora do município, recebia a notícia mais triste de sua vida: seu filho Gabriel Vitor de Lima Silva, 7, morria vítima de uma apendicite não diagnosticada pelos médicos do Pronto Socorro Central do município, por onde o garoto passou por três vezes antes de morrer.
O garoto começou a sentir-se mal na madrugada do último dia 5, com fortes dores na região do abdome e vômitos em excesso. Por volta das 6h, a mãe resolveu levar a criança ao PS Central. De acordo com ela, o médico aplicou butilbrometo de escopolamina (remédio usado para aliviar cólicas) na veia do paciente, orientou o garoto a beber bastante água e o liberou.
O relatório médico fornecido pela unidade não cita a aplicação do medicamento e diz que exames clínicos, físicos e complementares diagnosticaram dispepsia (dificuldade de digestão) e abdome agudo (dor no abdome).
No decorrer do dia, como Gabriel voltou a sentir dores e vomitar, além de apresentar febre alta e diarreia, a mãe decidiu levá-lo mais uma vez ao PS, por volta de 16h30. De acordo com o relatório médico, foram solicitados exames complementares --sangue e raio-X--, a criança foi medicada e ficou em observação. A mãe, por sua vez, afirmou desconhecer que seu filho tenha sido medicado e disse que nenhum médico avaliou seu filho até o dia seguinte.
Os resultados dos exames só ficaram prontos às 11h da terça-feira (6) e diagnosticaram infecção no trato urinário, além de dispepsia e abdome agudo. “O médico disse que não era grave, que ele só estava com uma infecção urinária”, diz Daiana.
Por volta das 13h, Gabriel recebeu alta e voltou para casa. Pouco tempo depois, o garoto, em jejum desde a manhã do dia anterior, voltou a sentir dores abdominais e a vomitar quando tentou tomar uma sopa.
A mãe levou novamente o garoto ao PS por volta das 17h. Segundo ela, Gabriel foi atendido pelo mesmo médico, que se assustou quando viu seu quadro de saúde. “Ele disse: ‘como liberaram esse menino; o caso dele é muito grave’. Eu respondi que ele mesmo tinha atendido meu filho”, relembra Daiana.
Em seguida, o garoto foi transferido para o Hospital Geral de Pirajussara (estadual), que fica em Taboão da Serra, vizinho a Embu, onde passou por cirurgia. Segundo o hospital, o garoto deu entrada em “estado muito grave”, “foi submetido a uma cirurgia de emergência e encaminhado à UTI (Unidade de Terapia Intensiva)”. Gabriel não resistiu e morreu cinco dias depois, após sofrer um choque séptico.
“Quando ele chegou ao hospital para cirurgia, o apêndice já tinha estourado. Ele estava cheio de pus pelo corpo”, afirmou a mãe, versão confirmada pelo hospital. Uma das complicações mais comuns em casos de apendicite é a perfuração do apêndice, que provoca o vazamento de fezes e pus para o resto do corpo, provocando infecção generalizada.
“Meu filho era muito saudável, nunca ficava doente. Foi de uma hora para outra. Os irmãos dele ficaram arrasados”, afirma Daiana, que tem mais três filhos de cinco, dez e 13 anos. A mãe de Gabriel trabalhava de gari para a Prefeitura de Embu, mas foi demitida recentemente. O pai do garoto está preso há dez anos. “Ele ficou muito triste, perturbado.”
A secretária de Saúde do município, Sandra Magali, disse que o apendicite é difícil de diagnosticar em crianças e que o tratamento aplicado ao garoto foi correto. “No caso do Gabriel, a apendicite não era exuberante. Ele foi medicado, o quadro clínico melhorou e, quando deixou o PS, estava em bom estado geral.”


Fonte: uol

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