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sexta-feira, 14 de junho de 2013
Apps: vocês os consome e eles dominam o mundo
O processo de consumerização está transformando a maneira como os usuários adotam aplicativos. As lojas de aplicativos públicas como Apple Store ou Google Play somam cerca de 1,5 milhão de títulos e contém sofisticados apps que os usuários já se acostumaram a usar. Algumas estimativas apontam que em 2016 teremos cerca de 300 bilhões de downloads por ano. Surge o fenômeno do BYOA ou Bring Your Own App, com seus benefícios e riscos embutidos. O BYOA é um passo além do BYOD, pois o usuário não quer só trazer seu dispositivo móvel para dentro da empresa, seja um iPhone, iPad ou Samsung Galaxy, mas quer trazer junto os aplicativos que ele está acostumado a usar. Aliás, BYOA embute BYOC (Bring Your Own Cloud) pois a maioria dos apps estão ou demandam uso de nuvens. Em resumo, o BYOx é um desafio e tanto para os atuais modelos de gestão de TI.
Muitos destes apps já vêm embutidos dentro dos smartphones e outros são baixados, na maioria das vezes, gratuitamente das lojas publicas. E como são úteis, fáceis de usar e alguns até mesmo são considerados “hypes” criam para o usuário um sentimento que podemos chamar de “must have”... Não poder usá-los cria insatisfação.
Mas, por outro lado, muitos destes aplicativos acabam “overlapando” aplicativos da empresa, e com seu uso os usuários acessam e transferem dados considerados sensíveis para fora do firewall corporativo. Como exemplos podemos citar DropBox, Box.net, Evernote, EZPdf, Prezi, Skype, Viber, WhatsApp e mesmo Google Apps. Além disso, tecnologias Open Source como PhoneGap permite que funcionários que não tenham profundo conhecimento de desenvolvimento de aplicativos escrevam seus próprios apps, para ajudarem em funções especificas do seu trabalho na empresa.
O modelo atual de gestão de dispositivos é baseado no principio que a área de TI detém o absoluto controle do parque computacional, homologando os hardwares e softwares que poderão ser utilizados pelos usuários. Funcionou 100% quando os usuários só tinham terminais dumb. Com os desktops começou-se a se perder o controle, pois alguns aplicativos “ilegais” entravam nas máquinas. E mesmo quando o controle interno era rígido, uma simples cópia para o desktop do funcionário, em casa, abria espaço para brechas de segurança. Com os laptops o nível de controle caiu mais ainda e com smartphones e tablets pensar em manter o controle rígido de antes é absolutamente inútil.
Com a consumerização, nossos hábitos de uso de smartphones e tablets são levados do nosso dia a dia para dentro das empresas e é impensável separar as atividades pessoais das profissionais. Assim, torna-se quase que inconsciente armazenar dados no DropBox, sem separação do que é informação crítica ao negócio ou um simples texto pessoal.
Lutar contra é uma luta inglória. Portanto, em vez construir uma inútil mureta contra o tsunami que está chegando, é mais inteligente entender o movimento de consumerização e o BYOx. Primeiro passo é educação. Os usuários precisam entender quais são as políticas da empresa em relação ao uso de apps, dispositivos e nuvens publicas. Aliás, muitas empresas ainda não definiram esta política. A política pode e deve em muitos casos restringir o download de determinados apps de lojas publicas, mas também deve criar meios alternativos para que as funcionalidades destes apps sejam providas de outra forma.
À medida que mais experiências se acumulem no uso dos dispositivos móveis, vamos refinando a política e os processo de gestão do BYOx. Que tal pensarmos em uma loja de apps interna? Uma “corporate app store”, modelada ao estilo das lojas publicas pode ser um caminho interessante para facilitar a distribuição de apps que sejam úteis e ao mesmo tempo estejam aderentes às políticas internas da empresa. Um case interessante é a loja interna de apps da IBM, a Whirlwind. Aliás, o conceito de lojas não precisa ficar preso aos smartphones.
A IBM também criou uma AppStore para os funcionários baixarem aplicativos de uso interno, que rodam em ambientes laptops, sem necessidade de recorrerem ao suporte técnico. A idéia é baseada nas lojas voltadas a aplicativos não móveis como o Apple Mac Store ou AppExchange da salesforce. Na AppStore da IBM estão também protótipos, que podem ser usados experimentalmente. Estes protótipos eventualmente poderão ser transformados em novos produtos ou expansão de funcionalidades de softwares IBM disponíveis ao mercado. É uma maneira de fazer um “field test” interno, aproveitando o potencial dos mais de 400.000 funcionários no mundo inteiro. Nesta AppStore também estão softwares Open Source incluídos no programa G2O (Green to Open) que incentiva os funcionários a usarem internamente softwares Open Source em substituição a softwares comerciais. Estes softwares passam por um crivo, que inclui a área jurídica, para evitar potenciais problemas no seu uso corporativo e ficam disponíveis para download a qualquer ibmista.
As lojas de apps publicas mudaram o modelo de distribuição de software. Simplificaram o processo, criaram o modelo self-service e incentivaram a inovação, com novos e engenhosos apps surgindo a cada dia. Uma app store corporativa pode cumprir o mesmo papel. Os usuários podem criar seus apps sejam móveis ou para laptops (equipamentos portáveis e não móveis...) e inserirem na loja, seguindo critérios bem definidos pela politica da empresa. Assim, pela facilidade de se construir novos apps (vide PhoneGap) e a cada vez mais proficiência em tecnologia da geração digital, libera-se o usuário de um restrito conjunto de aplicativos, que muitas vezes não atende às suas demandas especificas. O modelo que TI adota atualmente, o “one-size-fits-all”, limita a agilidade e inibe a inovação. Porque os funcionários, sem serem de TI, mas proficientes em tecnologia, não podem criar seus próprios apps e usá-los internamente? Na verdade já começamos ouvir o termo “apptrepreneur” que é o empreendedor que cria apps. Uma App Store corporativa incentiva este empreendedorismo, abrindo espaço para a inovação dentro de casa.
Fonte: administradores.com.br
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