Tudo corria bem para Felipe Massa até a forte batida do carro de Nelsinho Piquet e a entrada do Safety Car. Até este momento, Massa seguia na frente aumentando sua vantagem sobre seu principal adversário, o piloto inglês Lewis Hamilton da equipe McLaren.
Com o Safety Car na pista, os
pilotos seguiram para os boxes, momento em que um dos mecânicos liberou a saída
de Massa sem completar o abastecimento, fazendo com que ele saísse com a
mangueira de combustível presa e fosse punido com um drive true pelos
boxes. Resultado: Massa chegou em um dos últimos lugares sem pontuar.
Nas empresas também acontecem problemas como este,
onde um membro da equipe comete um erro que compromete todo o resultado do
trabalho efetuado e o que se espera mais comumente é a demissão dessa pessoa
pela gerência ou diretoria da empresa. Geralmente é o que ocorre, mas com a
garantia de uma sabatinada, onde lhe culpam e chamam a atenção na frente da
equipe, para dar o exemplo: se alguém erra, deve ser punido. Mas não foi isso o
que Felipe Massa fez. Em entrevista a uma grande emissora de TV brasileira, Massa
disse que erros acontecem e que ele foi abraçar o mecânico, estimulá-lo e
motivá-lo a continuar o trabalho com mais empenho ainda. Que postura de
líder!
É justamente isso o que falta nas empresas: uma
postura de líder. Mesmo entre os cargos executivos ocorre algo preocupante:
faltam líderes. Por isso pergunta-se: Onde estão os líderes?
Faltam líderes para construir metas com a equipe,
faltam líderes para estimular o staff, faltam líderes para fornecer um
feedback adequado e coerente, faltam líderes para atender às necessidades da
equipe, faltam líderes para prover as ferramentas adequadas para a execução das
atividades, faltam líderes para promover um ambiente de motivação entre as
pessoas, faltam líderes para desenvolver o capital intelectual da equipe.
Enfim, faltam líderes!
Há muitos chefes que sabem contratar, demitir,
exigir e cobrar, mas chefiar é fácil, pois o chefe apenas exerce o poder do
cargo, enquanto que o líder é diferente; o líder não contrata, ele atrai
talentos; ele não simplesmente demite, mas antes desenvolve o capital humano;
ele não exige, ele constrói metas e estimula a fazer melhor; ele não cobra, ele
fornece feedback ressaltando os pontos positivos e as oportunidades de
melhoria.
Chefiar é exercer o comando que o cargo confere,
enquanto que liderança é caráter, é comportamento, é espírito de servidão.
Enquanto o chefe exige o comprometimento da equipe, o líder se compromete com a
equipe e lidera pelo exemplo.
O que muitas vezes ocorre, ainda hoje, neste mundo
globalizado com forte presença da tecnologia moderna nos processos de gestão, é
um chefe humilhando um subordinado na frente dos demais membros da equipe, mas
isso somente revela o seu desejo em se afirmar perante os outros como uma
pessoa que detém poder na empresa, além de que causa uma falta mais grave do
que qualquer erro de um subordinado: o assédio
moral.
Isso mesmo! Humilhar um subordinado, ter uma
atitude grosseira, expor um subordinado diante das demais pessoas é crime, é
assédio moral, e o colaborador que se sentir humilhado pode até mesmo processar
a empresa, o que causa prejuízos sob o ponto de vista financeiro, jurídico,
social, moral e ético, além do risco da fuga de capital
intelectual.
Mas o líder pensa e age diferente. Se um
subordinado, aliás o líder não considera ninguém um subordinado e sim um membro
importante do staff, pois ele, líder, serve aos membros da equipe. Mas se um
dos membros erra, o líder não chama sua atenção na frente dos outros, pelo
contrário, ele o convida para uma conversa reservada, onde lhe oferece um
feedback positivo, ressaltando suas qualidades e seus pontos a serem
aperfeiçoados, sempre deixando claro que ele errou, mas é capaz de se superar e
fazer melhor.
Quando o subordinado erra ou quando surge um
problema, o chefe vivencia esse problema e faz questão de mostrar ao
subordinado o quanto ele errou, mas o líder, ao contrário, olha para as
possíveis soluções, prevê os possíveis resultados e toma as decisões baseadas
em critérios técnicos e intuitivos sem burocratizar o sistema, ou seja, usa as
regras aliadas ao bom senso.
Há uma grande ausência de líderes nas empresas, não
só um excesso de chefes, mas também de muitos profissionais que não sabem ser
nem chefes nem líderes, profissionais que não sabem lidar com situações do
cotidiano empresarial, que não sabem extrair o melhor de seus colaboradores,
que não sabem como desenvolver o potencial humano, que não sabem incentivar,
mas que também não sabem nem exercer o poder de comando que o cargo confere.As
empresas carecem de líderes que saibam motivar as equipes, líderes que se
disponham a ir adiante e a servir seus liderados como elo de ligação entre os
objetivos organizacionais e as metas pessoais de cada membro da equipe. Faltam
líderes que efetivamente inspirem, criem expectativas, que saibam impulsionar a
mente e o coração das pessoas e que saibam apresentar a visão adequada do que
se deseja atingir. Desta forma, é necessário que as próprias organizações
capacitem seus colaboradores, de maneira a multiplicar seus líderes,
despertando as capacidades especiais inatas da liderança e transformando o
próprio ambiente de trabalho.
Também é importante descobrir os líderes que estão
na empresa mas não têm cargos de chefia, líderes que lideram pelo caráter, pelo
carisma e pelas qualidades interpessoais, e não apenas por causa do cargo. Há
muitos líderes que exercem uma influência pessoal muito forte sobre as outras
pessoas, conduzindo-as à realização das tarefas e à maximização dos resultados.
Por isso é preciso reconhecer essas pessoas.
A atitude de Felipe Massa na corrida de Cingapura é
um grande exemplo de liderança a ser seguido pelas empresas, principalmente no
momento de atrair talentos, de modo a não errar na escolha dos profissionais
que se pretende contratar, especialmente para um cargo de liderança.
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