É por isso que surgiram os primeiros grandes teóricos da Administração como Taylor e Fayol, cujas teorias modificaram o modo de pensar de como administrar a empresa e como profissionalizar a gestão corporativa. Neste início de século, a Revolução Digital trouxe tecnologias ainda mais modernas, possibilitando às empresas venderem produtos cada vez mais diferenciados, buscando maior participação no mercado e adentrando na economia global.
E mesmo hoje é necessário que haja teóricos que modifiquem o modo de
pensar das empresas, oferecendo novos paradigmas corporativos que
permitam uma nova visão de gestão administrativa. Da mesma forma que
Taylor e Fayol profissionalizaram a produção fabril com a especialização
da mão-de-obra, hoje é preciso que haja profissionais especialistas que
tenham passado por sólida formação acadêmica para desempenhar funções
importantes nas empresas. Mas não é isso o que ocorre, pois as empresas
estão cheias de profissionais que desempenham atividades totalmente
diferentes da formação profissional, ou não tem nenhuma formação
acadêmica.
O campo da Administração é o mais visado neste sentido, pois há cerca de
sete milhões de empresas no Brasil e cerca de três milhões de
administradores registrados nos Conselhos Regionais de Administração, ou
seja, deveria sobrar campo de trabalho para os administradores, mas não
é o que ocorre. As empresas se entopem de psicólogos e pedagogos
brincando de gestores de Recursos Humanos, transbordam de jornalistas e
relações públicas se aventurando de gerentes de Marketing e se enchem de
funcionários sem nenhuma graduação para exercer cargos que exigem
formação superior. Resultado: as empresas perdem talentos e perdem ainda
mais tempo e dinheiro para manter um profissional equivocado. Os
profissionais graduados e especializados, preparados para exercer
funções de maior destaque nas empresas, acabam sendo esquecidos e
subutilizados, enquanto outros, sem a formação e sem o perfil
necessário, sugam o dinheiro das empresas e não apresentam os resultados
que um especialista seria capaz de apresentar.
Mas há outro problema: profissionais de outras áreas de formação voltam
aos bancos universitários para se especializar em alguma área da
Administração, como é o caso dos psicólogos que fazem pós-graduação e
MBA em Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, e dos jornalistas em
relação ao Marketing. Na faculdade de Administração estuda-se no mínimo
um ano de Recursos Humanos e um ano e meio de Marketing. Será que o
psicólogo e o jornalista que fazem uma pós-graduação de um ano e meio em
RH e em Marketing, respectivamente, terão uma visão sistêmica completa
sobre os processos de gestão empresarial? Essas são áreas da
Administração e para se ter uma visão sistêmica completa de todo o
processo de gestão empresarial é necessário conhecer a Administração
como um todo. Na disciplina de Recursos Humanos, no curso de
Administração, estuda-se os processos de Recrutamento e Seleção,
Entrevista, Treinamento, Desenvolvimento, Liderança, Análise e Descrição
de Cargos, Relações Trabalhistas, Grupos e Equipes de Trabalho, Plano
de Cargos e Salários, Empowerment, Downsizing etc., matérias que não se
estuda na faculdade de Psicologia. Então por que os psicólogos infestam
as empresas brincando de gerir os processos de Recrutamento e Seleção se
estas não são disciplinas de sua área de formação? E o que dizer dos
jornalistas que acham que sabem o que é Marketing, que pensam que
Marketing é Comunicação ou Propaganda? Entendem de Comunicação, pois é
sua área, mas o Marketing não é Comunicação e nem uma área da
Comunicação, muito pelo contrário, a Comunicação é que é uma área do
Marketing e este, uma área da Administração. Entender de Comunicação não
significa entender de Gestão Estratégica de Marketing nem de
Administração Mercadológica.
Um profissional sem a formação acadêmica necessária para exercer uma
determinada função ou com uma formação diferente da atividade que
desempenha deixa de ser um profissional e se torna um amador. Peter
Drucker disse que “administrar é aplicar o conhecimento à ação”, e se
eles não têm o pleno conhecimento sobre Administração, como chegarão a
uma ação eficaz? Chega de amadorismo! As empresas se esquecem, ou não
sabem, que Gestão de Pessoas e Marketing são áreas exclusivas da
Administração, tanto quanto Cardiologia é uma área da Medicina, Botânica
uma área da Biologia e Direito Penal uma área do Direito, não podendo
ser aprendidas separadamente. E o pior: As Instituições de Ensino
Superior, há alguns anos, ministram cursos de dois anos desmembrando as
áreas da Administração, como, por exemplo, cursos de Gestão de
Marketing, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira etc. Por
enquanto as empresas ainda não se encheram desses profissionais, mas é
preciso ter muito cuidado.
Será que os médicos permitirão que haja cursos de “Gestão em
Cardiologia” e os advogados cursos de “Tecnologia em Direito Penal”? É
óbvio que não! É justamente por isso que os administradores devem
valorizar a sua profissão e não permitir mais essas falácias contra a
Administração. Devem lutar para valorizar a sua profissão do mesmo modo
como ocorre nos Estados Unidos e o mais necessário: o surgimento de
novos teóricos que tragam novos paradigmas para abrilhantar ainda mais a
Administração e quem sabe, assim, se levantem novos Peter Drucker’s.
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