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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Líderes, Onde Estão?



Tudo corria bem para Felipe Massa até a forte batida do carro de Nelsinho Piquet e a entrada do Safety Car. Até este momento, Massa seguia na frente aumentando sua vantagem sobre seu principal adversário, o piloto inglês Lewis Hamilton da equipe McLaren. 
Com o Safety Car na pista, os pilotos seguiram para os boxes, momento em que um dos mecânicos liberou a saída de Massa sem completar o abastecimento, fazendo com que ele saísse com a mangueira de combustível presa e fosse punido com um drive true pelos boxes. Resultado: Massa chegou em um dos últimos lugares sem pontuar.    
Nas empresas também acontecem problemas como este, onde um membro da equipe comete um erro que compromete todo o resultado do trabalho efetuado e o que se espera mais comumente é a demissão dessa pessoa pela gerência ou diretoria da empresa. Geralmente é o que ocorre, mas com a garantia de uma sabatinada, onde lhe culpam e chamam a atenção na frente da equipe, para dar o exemplo: se alguém erra, deve ser punido. Mas não foi isso o que Felipe Massa fez. Em entrevista a uma grande emissora de TV brasileira, Massa disse que erros acontecem e que ele foi abraçar o mecânico, estimulá-lo e motivá-lo a continuar o trabalho com mais empenho ainda. Que postura de líder! 
É justamente isso o que falta nas empresas: uma postura de líder. Mesmo entre os cargos executivos ocorre algo preocupante: faltam líderes. Por isso pergunta-se: Onde estão os líderes?  
Faltam líderes para construir metas com a equipe, faltam líderes para estimular o staff, faltam líderes para fornecer um feedback adequado e coerente, faltam líderes para atender às necessidades da equipe, faltam líderes para prover as ferramentas adequadas para a execução das atividades, faltam líderes para promover um ambiente de motivação entre as pessoas, faltam líderes para desenvolver o capital intelectual da equipe. Enfim, faltam líderes!       
Há muitos chefes que sabem contratar, demitir, exigir e cobrar, mas chefiar é fácil, pois o chefe apenas exerce o poder do cargo, enquanto que o líder é diferente; o líder não contrata, ele atrai talentos; ele não simplesmente demite, mas antes desenvolve o capital humano; ele não exige, ele constrói metas e estimula a fazer melhor; ele não cobra, ele fornece feedback ressaltando os pontos positivos e as oportunidades de melhoria.      
Chefiar é exercer o comando que o cargo confere, enquanto que liderança é caráter, é comportamento, é espírito de servidão. Enquanto o chefe exige o comprometimento da equipe, o líder se compromete com a equipe e lidera pelo exemplo.      
O que muitas vezes ocorre, ainda hoje, neste mundo globalizado com forte presença da tecnologia moderna nos processos de gestão, é um chefe humilhando um subordinado na frente dos demais membros da equipe, mas isso somente revela o seu desejo em se afirmar perante os outros como uma pessoa que detém poder na empresa, além de que causa uma falta mais grave do que qualquer erro de um subordinado: o assédio moral.       
Isso mesmo! Humilhar um subordinado, ter uma atitude grosseira, expor um subordinado diante das demais pessoas é crime, é assédio moral, e o colaborador que se sentir humilhado pode até mesmo processar a empresa, o que causa prejuízos sob o ponto de vista financeiro, jurídico, social, moral e ético, além do risco da fuga de capital intelectual.      
Mas o líder pensa e age diferente. Se um subordinado, aliás o líder não considera ninguém um subordinado e sim um membro importante do staff, pois ele, líder, serve aos membros da equipe. Mas se um dos membros erra, o líder não chama sua atenção na frente dos outros, pelo contrário, ele o convida para uma conversa reservada, onde lhe oferece um feedback positivo, ressaltando suas qualidades e seus pontos a serem aperfeiçoados, sempre deixando claro que ele errou, mas é capaz de se superar e fazer melhor.          
Quando o subordinado erra ou quando surge um problema, o chefe vivencia esse problema e faz questão de mostrar ao subordinado o quanto ele errou, mas o líder, ao contrário, olha para as possíveis soluções, prevê os possíveis resultados e toma as decisões baseadas em critérios técnicos e intuitivos sem burocratizar o sistema, ou seja, usa as regras aliadas ao bom senso.       
Há uma grande ausência de líderes nas empresas, não só um excesso de chefes, mas também de muitos profissionais que não sabem ser nem chefes nem líderes, profissionais que não sabem lidar com situações do cotidiano empresarial, que não sabem extrair o melhor de seus colaboradores, que não sabem como desenvolver o potencial humano, que não sabem incentivar, mas que também não sabem nem exercer o poder de comando que o cargo confere.As empresas carecem de líderes que saibam motivar as equipes, líderes que se disponham a ir adiante e a servir seus liderados como elo de ligação entre os objetivos organizacionais e as metas pessoais de cada membro da equipe. Faltam líderes que efetivamente inspirem, criem expectativas, que saibam impulsionar a mente e o coração das pessoas e que saibam apresentar a visão adequada do que se deseja atingir. Desta forma, é necessário que as próprias organizações capacitem seus colaboradores, de maneira a multiplicar seus líderes, despertando as capacidades especiais inatas da liderança e transformando o próprio ambiente de trabalho.      
Também é importante descobrir os líderes que estão na empresa mas não têm cargos de chefia, líderes que lideram pelo caráter, pelo carisma e pelas qualidades interpessoais, e não apenas por causa do cargo. Há muitos líderes que exercem uma influência pessoal muito forte sobre as outras pessoas, conduzindo-as à realização das tarefas e à maximização dos resultados. Por isso é preciso reconhecer essas pessoas.
A atitude de Felipe Massa na corrida de Cingapura é um grande exemplo de liderança a ser seguido pelas empresas, principalmente no momento de atrair talentos, de modo a não errar na escolha dos profissionais que se pretende contratar, especialmente para um cargo de liderança.

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