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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Era do Amadorismo



É por isso que surgiram os primeiros grandes teóricos da Administração como Taylor e Fayol, cujas teorias modificaram o modo de pensar de como administrar a empresa e como profissionalizar a gestão corporativa. Neste início de século, a Revolução Digital trouxe tecnologias ainda mais modernas, possibilitando às empresas venderem produtos cada vez mais diferenciados, buscando maior participação no mercado e adentrando na economia global. 
E mesmo hoje é necessário que haja teóricos que modifiquem o modo de pensar das empresas, oferecendo novos paradigmas corporativos que permitam uma nova visão de gestão administrativa. Da mesma forma que Taylor e Fayol profissionalizaram a produção fabril com a especialização da mão-de-obra, hoje é preciso que haja profissionais especialistas que tenham passado por sólida formação acadêmica para desempenhar funções importantes nas empresas. Mas não é isso o que ocorre, pois as empresas estão cheias de profissionais que desempenham atividades totalmente diferentes da formação profissional, ou não tem nenhuma formação acadêmica. 
O campo da Administração é o mais visado neste sentido, pois há cerca de sete milhões de empresas no Brasil e cerca de três milhões de administradores registrados nos Conselhos Regionais de Administração, ou seja, deveria sobrar campo de trabalho para os administradores, mas não é o que ocorre. As empresas se entopem de psicólogos e pedagogos brincando de gestores de Recursos Humanos, transbordam de jornalistas e relações públicas se aventurando de gerentes de Marketing e se enchem de funcionários sem nenhuma graduação para exercer cargos que exigem formação superior. Resultado: as empresas perdem talentos e perdem ainda mais tempo e dinheiro para manter um profissional equivocado. Os profissionais graduados e especializados, preparados para exercer funções de maior destaque nas empresas, acabam sendo esquecidos e subutilizados, enquanto outros, sem a formação e sem o perfil necessário, sugam o dinheiro das empresas e não apresentam os resultados que um especialista seria capaz de apresentar. 
Mas há outro problema: profissionais de outras áreas de formação voltam aos bancos universitários para se especializar em alguma área da Administração, como é o caso dos psicólogos que fazem pós-graduação e MBA em Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, e dos jornalistas em relação ao Marketing. Na faculdade de Administração estuda-se no mínimo um ano de Recursos Humanos e um ano e meio de Marketing. Será que o psicólogo e o jornalista que fazem uma pós-graduação de um ano e meio em RH e em Marketing, respectivamente, terão uma visão sistêmica completa sobre os processos de gestão empresarial? Essas são áreas da Administração e para se ter uma visão sistêmica completa de todo o processo de gestão empresarial é necessário conhecer a Administração como um todo. Na disciplina de Recursos Humanos, no curso de Administração, estuda-se os processos de Recrutamento e Seleção, Entrevista, Treinamento, Desenvolvimento, Liderança, Análise e Descrição de Cargos, Relações Trabalhistas, Grupos e Equipes de Trabalho, Plano de Cargos e Salários, Empowerment, Downsizing etc., matérias que não se estuda na faculdade de Psicologia. Então por que os psicólogos infestam as empresas brincando de gerir os processos de Recrutamento e Seleção se estas não são disciplinas de sua área de formação? E o que dizer dos jornalistas que acham que sabem o que é Marketing, que pensam que Marketing é Comunicação ou Propaganda? Entendem de Comunicação, pois é sua área, mas o Marketing não é Comunicação e nem uma área da Comunicação, muito pelo contrário, a Comunicação é que é uma área do Marketing e este, uma área da Administração. Entender de Comunicação não significa entender de Gestão Estratégica de Marketing nem de Administração Mercadológica. 
Um profissional sem a formação acadêmica necessária para exercer uma determinada função ou com uma formação diferente da atividade que desempenha deixa de ser um profissional e se torna um amador. Peter Drucker disse que “administrar é aplicar o conhecimento à ação”, e se eles não têm o pleno conhecimento sobre Administração, como chegarão a uma ação eficaz? Chega de amadorismo! As empresas se esquecem, ou não sabem, que Gestão de Pessoas e Marketing são áreas exclusivas da Administração, tanto quanto Cardiologia é uma área da Medicina, Botânica uma área da Biologia e Direito Penal uma área do Direito, não podendo ser aprendidas separadamente. E o pior: As Instituições de Ensino Superior, há alguns anos, ministram cursos de dois anos desmembrando as áreas da Administração, como, por exemplo, cursos de Gestão de Marketing, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira etc. Por enquanto as empresas ainda não se encheram desses profissionais, mas é preciso ter muito cuidado. 
Será que os médicos permitirão que haja cursos de “Gestão em Cardiologia” e os advogados cursos de “Tecnologia em Direito Penal”? É óbvio que não! É justamente por isso que os administradores devem valorizar a sua profissão e não permitir mais essas falácias contra a Administração. Devem lutar para valorizar a sua profissão do mesmo modo como ocorre nos Estados Unidos e o mais necessário: o surgimento de novos teóricos que tragam novos paradigmas para abrilhantar ainda mais a Administração e quem sabe, assim, se levantem novos Peter Drucker’s.

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