Cada R$ 1 investido no
programa de transferência de renda Bolsa Família gera um aumento de R$ 1,78 no
Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, segundo um estudo do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
divulgado nesta terça-feira, em Brasília. A pesquisa,
que integra um livro sobre o programa social, coincide com os dez anos do Bolsa
Família, lançado em 2003.
“O Programa Bolsa Família é,
por larga margem, a transferência com maiores efeitos: na simulação, o PIB
aumentaria R$ 1,78 para um choque marginal de R$ 1 no PBF (Programa Bolsa
Família). Ou seja, se a oferta for perfeitamente elástica e os demais pressupostos
forem respeitados, um gasto adicional de 1% do PIB no PBF se traduziria em
aumento de 1,78% na atividade econômica”, diz o capítulo do livro “Programa
Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania”, que será lançado no próximo
dia 30.
De acordo com o estudo, o
aumento da atividade econômica com o investimento no Bolsa Família é maior em
comparação com transferências previdenciárias e trabalhistas. O Beneficio da
Prestação Continuada (BPC) e o seguro desemprego vem em seguida na lista,
representando um acréscimo de R$ 1,19 e R$ 1,06 respectivamente para cada real
gasto com os benefícios.
As transferências
previdenciárias e as transferências do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) apresentam um impacto menor no PIB, com acréscimos menores que 1% para
cada percentual igual investido.
O Bolsa Família, segundo o
estudo, também causa um impacto positivo no consumo final da economia e das
famílias. Cada R$ 1 transferido no programa gera um acréscimo de R$ 1,98 no
consumo final e R$ 2,40 no indicador do consumo final das famílias.
De acordo com
o presidente do Ipea, Marcelo Neri, o Bolsa Família é um programa barato e
realiza um giro forte na economia. Com a transferência de renda para famílias
pobres, aumenta o consumo e a produção de bens.
“O Bolsa Família é um
programa pró-pobre e os pobres tem uma característica que é gastar a maior
parte de sua riqueza. Cada real gasto com o Bolsa Família, ele dá um giro muito
maior na economia do que com qualquer outro programa. (...) O maior caminho
para fazer a economia girar é o Bolsa Família, porque você dá um pouquinho e
ele anda mais que os outros benefícios, em termos de consumo”, disse.
Entre 2001 e 2012, a renda
per capita entre os mais pobres cresceu 120,22% no Brasil, uma variação quase
cinco vezes maior que a faixa dos mais ricos, que subiu 26,41%. O percentual da
extrema pobreza caiu 69,2% desde 2002, cumprindo em cinco anos, segundo o
governo, a meta da Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir pela metade a
faixa em 25 anos. “O Brasil fez 25 anos em cinco”, disse Marcelo Neri,
presidente do Ipea.
Segundo os dados divulgados
pelo Ipea, o Bolsa Família foi responsável por 28% da queda da extrema pobreza
brasileira. Sem o programa a miséria subiria 36%, de acordo com o estudo.
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