Saber lidar com as
diferenças e neutralizar de maneira pacífica conflitos são habilidades
intrínsecas aos bons líderes. No entanto, nem sempre é uma tarefa fácil se
chegar a um denominador comum: é preciso dialogar, argumentar e até mesmo ceder
ou mudar atitudes. Estas e outras ações marcaram a trajetória do ex-líder da
Igreja Católica, o papa João Paulo II, que se configurou como uma das
personalidades mais importantes do século XX.
João Paulo II nasceu em 18
de maio de 1920 na Polônia sob o nome Karol Józef Wojtyła. Ele, que perdeu os
pais e o irmão ainda jovem, chegou a escapar de ser preso da prisão pelas
forças nazistas em plena 2ª guerra mundial. Wojtyła foi ordenado sacerdote em
1946, chegando aos cargos de bispo e, em seguida, de cardeal. Foi eleito papa
em 1978 - ocasião em que adotou o título João Paulo II -, aos 58 anos, sendo um
dos clérigos mais jovens a ocupar o posto.
Durante o papado, João Paulo
II foi considerado o “papa para a juventude” por suas iniciativas para
aproximar os jovens da fé religiosa. Além disso, contribuiu para a melhoria do
relacionamento da Igreja Católica com várias outras religiões como o judaísmo,
a Comunhão Anglicana, o Islã, o luteranismo e a Igreja Ortodoxa. Inclusive,
travou diálogos com o budismo, por meio do Dalai Lama Tenzin Gyatso, que chegou
a visitá-lo oito vezes.
O papa também tinha
influência na relação com os governos e ajudou a evitar uma guerra entre
Argentina e Chile. Os países, que disputavam o Canal de Beagle, receberam um
emissário pessoal do papa e recorreram ao auxílio do líder religioso, o que
culminou na assinatura do Tratado de Paz e Amizade - documento que selou a paz
entre as nações.
Além disso, a influência de
João Paulo II é tida como fundamental para a queda do regime comunista em boa
parte da Europa. Ele manteve comunicação com os presidentes Ronald Reagan
(Estados Unidos) e Mikhail Gorbachev (União Soviética). O primeiro teve apoio
do papa para combater o comunismo e o segundo utilizou medidas que culminaram
no fim do regime nos estados soviéticos - o que acarretou, posteriormente, na
extinção da própria União Soviética.
Apesar de sua influência,
João Paulo II, como qualquer outro líder, não agradava a todos. Além de ter
recebido críticas devido a alguns de seus posicionamentos, como a sua visão
contrária à contracepção e à ordenação feminina, ele sofreu duas tentativas de
assassinato durante o seu papado. A primeira ocorreu em 13 de maio de 1981,
enquanto entrava na Praça São Pedro para discursar, quando foi baleado na
região abdominal por um atirador turco. Em 12 de maio de 1982 ele sofreu outra
ameaça, quando estava em Fátima, Portugal. Dessa vez um homem armado com uma
baioneta tentou esfaqueá-lo.
João Paulo II, que visitou
durante os 26 anos do seu pontificado 129 países, podia se comunicar em 13
idiomas. Depois de sofrer com a doença de Parkinson por mais de uma década, o
pontífice morreu em 2 de abril de 2005, dias antes de completar 85 anos. Seus
feitos, incluindo milagres atribuídos a ele, fizeram com que seis anos após sua
morte, em 1° de maio de 2011, fosse proclamado beato pelo seu sucessor, papa
Bento XVI.
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