Uma das competências
essenciais atemporais para o sucesso nas organizações é a comunicação. O
princípio é basicamente simples apesar disso não significar que seja fácil. Uma
mesma mensagem passada a todos os funcionários não pode ser compreendida de
forma distinta por cada um deles, pois acarretaria no risco de não atingir
as
metas e objetivos da organização nos prazos acordados.
Segundo Paul Grice, filósofo
britânico especialista em linguagem, existe um conjunto de máximas que ele
chama de princípio da cooperação e elas garantem a clareza, coerência e
objetividade da comunicação. São elas:
Da quantidade de informação
necessária a ser passada;
Da relação entre as
informações relevantes ao assunto tratado;
Da relevância do assunto em
relação ao objetivo da conversa;
Do modo, ou seja, qual o
vocabulário pertinente para passar estas informações.
Baseado nestas máximas
pode-se inferir que, por exemplo, o “estrangeirismo” usado em excesso nestes
chamados “jargões” ferem diretamente o modo e quantidade da informação, pois
muitas vezes esses termos não são compreendidos, comprometendo, assim,
completamente a clareza da mensagem.
Além disso, existem “modismos”
importados de nações ou empresas que antes de ser esclarecidos, ou melhor,
traduzidos para a linguagem local da organização são incorporados à linguagem
da alta diretoria que começa a utilizá-los indiscriminadamente de forma
opressiva aos demais colaboradores, na realidade sinalizando que eles detêm o
poder e o conhecimento dentro da organização.
Com isso segundo o filosofo
austríaco Ludwig Wittgenstein gerando uma limitação de pensamento do próprio
gestor.
Por outro lado, segundo a
gramática normativa o uso do “estrangeirismo” nos casos em que exista uma
expressão equivalente na língua portuguesa é considerado um vício de linguagem
chamado de “barbarismo”, já que há muito tempo atrás para os latinos, qualquer
estrangeiro era chamado de bárbaro.
Se ampliarmos o significado
do termo barbarismo, chegamos ao significado contemporâneo para crueldade, que
se encaixa muito bem no ambiente corporativo atual de algumas empresas.
A crueldade organizacional
sustenta o exercício do poder organizacional através de algumas ferramentas
como: manipulação da comunicação; centralização do conhecimento;
insensibilidade burocrática; estrutura impessoal de gestão.
Esta crueldade
organizacional propicia um ambiente fértil para a implementação desta gestão
opressora tanto dos colaboradores (clientes internos) como dos clientes
propriamente ditos.
Isso vai de encontro ao
conceito de gestão moderna baseada na delegação como ferramenta de
desenvolvimento, liderança compartilhada, transparência de informação,
negociação, respeito, comprometimento, inovação e principalmente voltada para
resultados.
Em minha opinião, todas as
empresas estão inseridas neste ambiente de crueldade e praticam em algum grau
este estilo de gestão opressora conscientemente ou inconscientemente.
Usemos o exemplo de
insensibilidade burocrática, basta observar o atendimento despendido ao cliente
por grandes empresas que se escondem atrás da burocracia ao se relacionar com
os seus clientes.
Não concorda? Então
experimente reclamar do produto ou serviço da maioria das organizações que
atuam no setor aéreo, telefonia, montadoras, saúde, financeiro, e-commerce
(olha o estrangeirismo), varejo dentre outros.
Nunca na história da
humanidade as pessoas tiveram tanto poder sobre as empresas seja dentro como
fora delas.
Os colaboradores e gestores
representam a parte de dentro da empresa, basta não ser competente, não fazer o
que deve ser feito e se não aprimorar para comprometer os resultados da
empresa. Já os clientes são a parte de fora, basta deixar de comprar os produtos
ou serviços de determinada empresa para comprometer seus resultados.
Saber qual o grau de gestão
opressora e crueldade organizacional em sua empresa será determinante para a
sua sobrevivência no século XXI.
Fonte: administradores.com.br
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