As tecnologias de
virtualização dos servidores continuam a evoluir rapidamente, uma tendência que
deve se manter em aceleração. Segundo estimativas da consultoria global
Gartner, os gastos mundiais com serviços em nuvem, de implementação a
manutenção, devem aumentar de 110 bilhões de dólares, em 2012, para até 210
bilhões de dólares em 2016. Mais do que uma tendência, os dados das pesquisas
apontam que a cloud computing está mudando de um projeto isolado para uma
estratégia central de TI. Entretanto, é preciso cautela.
Para Sérgio Santiago,
Diretor de Operações da MR Consultoria, empresa especializada em outsourcing e
consultoria de TI, embora a virtualização seja uma tendência, deve-se avaliar
muito bem quando a decisão é utilizar esta tecnologia no modelo cloud
computing. Para o diretor, a atenção de empresas brasileiras precisa ser
redobrada, especialmente em função da baixa qualidade da rede de
telecomunicações no Brasil.
“Percebemos nesses últimos
anos uma grande evolução rumo à virtualização de servidores no Brasil e no
mundo. Essa é uma demanda real de CEOs e CIOs e nós já trabalhamos com a
premissa de que nos próximos dois anos a maior parte das empresas vai
virtualizar ao menos uma de suas atividades computacionais, mas nem sempre as
mais importantes”, conta.
Problemas contratuais e
estruturais
Essa evolução está fazendo
com que diversos aspectos dessa tecnologia estejam sendo progressivamente
melhorados. Santiago explica que os fornecedores atuais de servidores estão
investindo cada vez mais neste tipo de conceito tecnológico, informação que
reforça a tendência de investimento apontada pela Gartner.
Entretanto, mesmo com os
avanços no montante empenhado na virtualização, ainda enfrentamos alguns pontos
críticos no Brasil quando pensamos em utilizar tecnologias no modelo cloud
computing. Segundo Santiago, os riscos da computação em nuvem na atualidade são
menores do que há dois anos, mas há problemas no que diz respeito a contratos e
infraestrutura.
“Ainda não está claro,
contratualmente falando, o que acontece em caso de perda ou mesmo de vazamento
de informações. Esse ainda é um grande obstáculo ao avanço da computação em
nuvem, mas acredito que em um ou dois anos esse assunto será equacionado de
modo satisfatório para o cliente”, explica o diretor, que assinala que a
maioria dos contratos atuais de computação em nuvem não especifica de uma
maneira clara e objetiva as responsabilidades do prestador de serviço em
relação à perda de dados, algo que não é satisfatório para as empresas que
buscam esse serviço.
Outro entrave apontado é a
infraestrutura brasileira de telecomunicações. “Toda vez que uma empresa
transfere seus processos de TI para uma nuvem ela passa a depender de serviços
de telecomunicação para acessar os sistemas. Embora existam alguns provedores
de transmissão de dados, há muitos casos em que o acesso ao cliente é feito por
apenas um provedor. Se este provedor enfrentar problemas técnicos, todo o
investimento será comprometido”, explica Santiago, acrescentando que essa
precariedade da infraestrutura de telecomunicações no Brasil é um ponto que
deve ser levado em conta pelas empresas que pretendem utilizar os seus
processos de TI neste modelo.
Santiago explica que o
problema não é somente saber se há a disponibilidade de uma conexão que permita
a utilização dos sistemas em nuvem, mas também qual a qualidade dessa
estrutura. Ao externar um serviço como e-mail ou um sistema de gestão
empresarial, por exemplo, a velocidade e qualidade do link de acesso será
decisiva para uma performance adequada do serviço.
Tendência mundial
Mesmo com essas questões em
aberto, o diretor de operações da MR Consultoria acredita que a virtualização
dos servidores e a computação em nuvem chegaram para ficar. “Se olharmos para a
maior parte dos nossos clientes em uma perspectiva de longo prazo, os
investimentos que estão sendo feitos apontam para a aceitação e utilização
destas tecnologias”, explica. Ele ainda conta que nos últimos dois anos três
grandes clientes da empresa já partiram para essa tendência com o apoio da MR
Consultoria.
No cenário que vai sendo
formado pelos investimentos das empresas, a virtualização mostra-se como uma
das melhores formas de otimizar recursos. Segundo Santiago, “se hoje você tem
nove servidores dentro de um parque de infraestrutura, você acaba migrando isso
para 2 servidores, no máximo 3, mas com uma performance muito melhor, uma
redundância muito melhor e uma segurança muito maior”.
Superados os obstáculos, o
cloud computing é uma forma de otimizar processos. “A computação em nuvem será
fundamental, uma coisa que todos irão buscar em alguma medida. Ela poderá
representar um ganho de escalabilidade muito importante para a infraestrutura
da área de TI, com um custo cada vez mais viável”, assinala Santiago,
acrescentando que também nesse processo a empresa deve contar com um parceiro
confiável, que conheça o seu negócio e faça a gestão dos fornecedores com
sintonia fina.
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