Um crime silencioso atinge diariamente trechos da represa do
Guarapiranga, em Itapecerica da Serra. Em vários locais, nas regiões
onde as habitações impróprias ou irregulares são mais comuns, o esgoto
domiciliar é despejado sem qualquer tipo de tratamento na represa. Uma
das comunidades onde isso ocorre diariamente é o bairro Horizonte Azul
situado próximo ao limite entre Itapecerica e São Paulo.
No Horizonte Azul assim com em outras regiões o problema de
moradia agrava o dano ambiental à represa. Ambos se fundem formando um
cenário ímpar de agressão a um dos recursos naturais mais preciosos que
existem: a água potável. A transferência das famílias que moram no local
para os apartamentos construídos com recursos do governo federal seria a
solução à curto prazo. Mas a obra está embargada, segundo os moradores
por que a construção foi feita com vários erros.
Localizada na porção Sudoeste da Região Metropolitana de São
Paulo, a Guarapiranga fornece água para abastecimento de cerca de 20% da
população. Vítima diária de crime ambiental a represa agoniza
silenciosa esperando que autoridades ecoem o problema que pode
comprometer o abastecimento de água num futuro bem próximo.
Quem visita o local se choca com a seriedade dos danos ambientais
cometidos contra a represa. Quem mora lá se habitua e deixa de
considerar o problema muitas vezes até por falta de entendimento da
seriedade do dano ambiental praticado no local.
Os moradores dos locais mais próximos à represa também são os que
mais a poluem. O esgoto das casas deles, assim como garrafas pet,
móveis usados e até entulho são despejados próximo ao leito formando um
cenário de total falta de respeito ao meio ambiente.
O lançamento de esgoto no local levou ao aparecimento de algas e o
comprometimento da qualidade do manancial e da água para abastecimento
humano. Alguns investimentos foram feitos mais o problema persiste.
A transferência das famílias que moram praticamente às margens da
represa estava prevista para esse ano, mas vai atrasar por conta de
problemas na construção dos apartamentos. Como na cidade ninguém se
pronuncia oficialmente sobre o fato fica difícil apurar o que vai
acontecer realmente.
A Represa de Guarapiranga foi
inaugurada em 1908, sua finalidade era, originalmente, atender às
necessidades de produção de energia elétrica na Usina Hidrelétrica de
Parnaíba. Atualmente é utilizada para abastecimento de água potável para
a Região Metropolitana de São Paulo por meio da Sabesp, Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo.
O outro lado
A Sabesp informou por meio da assessoria de imprensa que as
questões de remoção de famílias são de responsabilidade da prefeitura de
Itapecerica, bem como o lixo e entulho despejado no local. De acordo
com a empresa a água da Guarapiranga passa por tratamento constantemente
e o nível de contaminação da represa é de responsabilidade da CETESB.
Em relação à rede de esgoto a Sabesp alega que só poderia se
posicionar após receber o endereço exato sobre qual a reportagem do
Jornal na Net faz referência. Entretanto, o problema ocorre em todo o
bairro conforme constatou a reportagem.
História
Inicialmente conhecida por Represa de Santo Amaro, Guarapiranga
teve sua construção iniciada em 1906, pela Cia. Light, na época
responsável pelo fornecimento de energia elétrica na cidade, sendo
concluída em 1908. Em 1928, com o crescimento da região metropolitana
de São Paulo, Guarapiranga passa a servir como reservatório para o
abastecimento de água potável.
A construção da represa de Guarapiranga e, posteriormente, da
Billings, foi decisiva para o desenvolvimento da região de Santo Amaro,
então um vilarejo autônomo nos arredores de São Paulo.
A partir dos anos 20 e 30, um crescente interesse pela ocupação
das margens da represa, fez surgir loteamentos pioneiros que procuravam
oferecer ao cidadão paulistano uma opção de lazer náutico. Daí o
surgimento de bairros com nomes como Interlagos, Veleiros, Riviera
Paulista, Rio Bonito.
A bacia Guarapiranga
A bacia Guarapiranga fornece água a quase quatro milhões de
pessoas, principalmente na parte sudoeste da cidade de São Paulo. Já tem
mais de cem anos e tornou-se a bacia mais ameaçada de extinção na área
da Grande São Paulo. Os principais problemas são a expansão urbana
desordenada sem saneamento básico e o uso disseminado da bacia
hidrográfica para atividades econômicas, ameaçando a produção de água
natural.
Fonte: Jornal Na Net
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