Há 18 anos o município de Juquitiba aguarda a implantação do fórum
destinado a atender as demandas judiciais da cidade. O decreto de
criação do órgão data de 1994. Mas até o momento a instalação do mesmo
não se concretizou. Um procedimento instalado pela Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), Seccional Itapecerica da Serra, voltou a trazer o
assunto à tona reascendendo o movimento existente para a instalação do
fórum. A cidade também não conta com sede da OAB.
Recentemente a prefeitura de Juquitiba se dispôs a doar o prédio
para implantação do serviço. O juiz Antonio de França Hristov, diretor
do fórum de Itapecerica, que atualmente recebe as demandas judiciais do
município atua junto ao Tribunal de Justiça, a fim de concretizar a
instalação do fórum na cidade das águas. O esforço conjunto da OAB,
prefeitura e do judiciário precisa agora contar com o apoio da
Assembleia Legislativa, a quem cabe criar o cargo de juiz e promotor
para atuar no município.
“Faço júri em Itapecerica e tenho a exata percepção de que muitos
crimes violentos são cometidos em Juquitiba porque o Poder Judiciário
está distante. São comuns os casos de homicídios por discussão de
aluguel e brigas de vizinhos, por exemplo. A pessoa faz justiça com as
próprias mãos por entender que o Judiciário está distante”, revela o
juiz Antonio de França Hristov. “É o que a gente chama no direito de
litigiosidade contida, ou seja, os conflitos existem, não vêm para o
Judiciário mais acabam estourando na sociedade”.
O magistrado alerta ainda que a sensação de distanciamento da
Justiça aumenta o grau de violência dos crimes praticados na cidade. De
acordo com ele a falta do fórum e a precariedade do policiamento
impulsionam os assassinatos considerados brutais. “É terrível. Tivemos
recentemente um homicídio em que o sujeito decapitou o outro com facão.
Esse distanciamento da Justiça e da polícia é prejudicial à sociedade”,
aponta.
O juiz defende que é preciso vontade política para concretizar a
instalação do fórum de Juquitiba. Ele afirma que além de coibir a
criminalidade o fórum vai ampliar o acesso da população ao Judiciário e
reduzir a demanda judicial em Itapecerica da Serra.
“A Assembleia tem que criar o cargo de juiz, promotor e incluir o novo fórum no Orçamento. É preciso que a população se conscientize da falta que o fórum faz e cobrar da classe política a sua implantação”, afirma o magistrado.
“A Assembleia tem que criar o cargo de juiz, promotor e incluir o novo fórum no Orçamento. É preciso que a população se conscientize da falta que o fórum faz e cobrar da classe política a sua implantação”, afirma o magistrado.
Na última semana o magistrado se reuniu com o presidente do
Tribunal de Justiça, que se comprometeu a agilizar a implantação do
fórum de Juquitiba, desde que a prefeitura da cidade faça a doação do
prédio onde ele deverá ser instalado. A prefeitura havia indicado um
prédio no centro da cidade, com 250 metros ², mas o local era menor do
que o menor fórum existente no estado e por essa razão foi recusado.
Agora, a prefeita Cida Maschio quer indicar um prédio no distrito
dos Barnabés. O local sofre com a violência e tem uma população
superior a 10 mil habitantes. De acordo com a prefeita o novo espaço tem
mais de 600 metros ² de área construída, possui acessibilidade e
estrutura para abrigar a OAB, Ministério Público, bancos e até batalhão
policial.
Moradores enfrentam viacrucis para ter atendimento Judiciário
Quem mora em Juquitiba e já precisou recorrer ao Judiciário
conhece de perto as dificuldades. Os moradores precisam se deslocar até
Itapecerica várias vezes. Para a população de menor renda esse esforço
nem sempre é possível, o que acaba afastando muitas pessoas da
assistência jurídica, segundo a presidente da OAB de Itapecerica da
Serra, Neusa Penha Gavotero, autora do pedido de implantação do fórum de
Juquitiba.
“Precisamos implantar esse fórum. Sentimos no dia-a-dia as
dificuldades das pessoas. Há locais em Juquitiba onde as mulheres andam
até duas horas para pegar o ônibus levando três filhos, um no colo,
outro pela mão e mais um na barriga. Essas mulheres não têm dinheiro nem
para comprar pão. Como vão pagar passagem várias vezes até Itapecerica
para pedir pensão?”, questiona a presidente da OAB.
Ela diz que a entidade disponibilizou advogado uma vez por semana
para fazer triagem em Juquitiba. Mas, alerta que isso poupa somente uma
viagem até Itapecerica as demais são necessárias. “Estamos fazendo a
nossa parte e temos o compromisso da seccional de após implantar o fórum
disponibilizar a estrutura total de atendimento em 24 horas”, relata.
A prefeita Cida Maschio disse ao Jornal na Net que os moradores
solicitam constantemente a implantação do fórum. Ela revela que a
exclusão judiciária afeta centenas de moradores, especialmente os mais
carentes.
“O caso Celso Daniel é um em centenas de outros que acontecem na
nossa cidade. É comum os criminosos descartarem corpos em Juquitiba e
tenho certeza que isso acontece por não termos a Justiça presente na
nossa cidade”.
Fonte: Jornal Na Net
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